Práticas epistêmicas: implicações da teoria sociocultural à construção do conhecimento
Epistemic practices: implications of sociocultural theory for knowledge construction
DOI:
https://doi.org/10.51473/rcmos.v1i1.2025.1191Palavras-chave:
práticas epistêmicas, ensino, aprendizagem, interação social.Resumo
Estudos que consideram o processo de ensino e aprendizagem a partir de uma perspectiva histórica, cultural e social vêm se fortalecendo na área do Ensino de Ciências. Esses estudos consideram que a interação social estimula a construção do conhecimento científico e desenvolve maneiras particulares de falar, pensar, agir e interagir, que são definidas como práticas epistêmicas. O presente estudo visa refletir sobre as implicações das práticas epistêmicas à construção de conhecimento científico para a área da Zootecnia e suas possíveis relações com alguns pressupostos da Teoria Histórico-cultural de Vygotsky. No que se refere ao processo de ensino e aprendizagem, as reflexões apresentadas indicaram existir uma lacuna entre o que está estabelecido nas Diretrizes Curriculares do curso de Zootecnia e o que se ensina em sala de aula. Considerando as práticas epistêmicas relevantes para esse processo, apontou-se à possibilidade de aprofundar os estudos sobre esse tema a partir dos pressupostos vygotskianos, uma vez que essas práticas se desenvolvem em um contexto de interação e se associam a um processo social e cultural de construção do conhecimento. Essa proposta poderia ser proveitosa pois, favoreceria a construção de significados científicos para os estudantes do campo da Zootecnia.
Downloads
Referências
AMANN, K., & KNORR CETINA, K. The fixation of (visual) evidence. In M. Lynch, & S. Woolgar (Eds.), Representation in science practice. Cambridge, MA: MIT, p. 85 – 121, 1990.
ARAÚJO-JORGE, T. C.; SOVIERZOSKI, H. H.; BORBA, M. C. A Área de Ensino após a avaliação quadrienal da CAPES: reflexões fora da caixa, inovações e desafios em 2017. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, Ponta Grossa, v. 10, n. 3, p. 1 – 15, 2017. DOI: https://doi.org/10.3895/rbect.v10n3.7744
BARRA, V. M.; LORENZ, K. M. Produção de materiais didáticos de Ciências no Brasil: período: 1950 a 1980. Ciência e Cultura, v. 38, n. 12, p.1970-1983, 1986.
BLOOME, D., EGAN-ROBERTSON, A. The social construction of intertextuality in classroom reading and writing lessons. Reading Research Quarterly, v. 28, p. 305 – 333, 1993. DOI: https://doi.org/10.2307/747928
CACHAPUZ, A.; PRAIA, J.; JORGE, M. Da Educação em Ciência às orientações para o Ensino das Ciências: Um repensar epistemológico. Ciência & Educação (Bauru), Bauru, v. 10, n. 3, p. 363-381, 2004. DOI: https://doi.org/10.1590/S1516-73132004000300005
CAPES. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/avaliacao.
FRIGOTTO, G. A formação e profissionalização do educador: novos desafios. In: SILVA, T. T. GENTILI, P. Escola S.A.: quem ganha e quem perde no mercado educacional do neoliberalismo. CNTE: Brasília, 1996.
GARFINKEL, H., LYNCH, M., LIVINGSTON, E. The work of discovering science construed with materials from the optically discovered pulsar. Philosophy of the Social Sciences, v. 11, p. 131 – 158, 1981. DOI: https://doi.org/10.1177/004839318101100202
KELLY, G. J.; GREEN, J. What count as science in high school and college classrooms? Examining how teacher’s knowledge and classroom discourse influence opportunities for learning sciences. Science Activities Classroom Projects and Curriculum Ideas. p. 1 – 8, 1997.
KELLY, G. J.; GREEN, J. The social nature of knowing: Toward a sociocultural perspective on conceptual change and knowledge construction. In: GUZZETTI, B.; HYND, C. (ed.). Perspectives on conceptual change: Multiple ways to understand knowing and learning in a complex world. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum, p. 145-181, 1998.
KELLY, G. J., CHEN, C., CRAWFORD, T. Methodological considerations for studying science-in-the-making in educational settings. Research in Science Education, v. 28, 23–49, 1998a. DOI: https://doi.org/10.1007/BF02461640
KELLY, G. J.; CHEN, C. The Sound of Music: Constructing Science as Sociocultural Practices through Oral and Written Discourse. Journal of Research in Science Teaching. v. 36, n. 8, p. 883 – 915, 1999. DOI: https://doi.org/10.1002/(SICI)1098-2736(199910)36:8<883::AID-TEA1>3.3.CO;2-9
KELLY, G. J.; CHEN, C.; PROTHERO, W. The epistemological framing of a discipline: Writing science in university oceanography. Journal of Research in Science Teaching, 37, p. 691-718, 2000. DOI: https://doi.org/10.1002/1098-2736(200009)37:7<691::AID-TEA5>3.0.CO;2-G
KELLY, G.; CRAWFORD, T.; GREEN, J. Common Task and Uncommon Knowledge: Dissenting Voices in the Discursive Construction of Physics Across Small Laboratory Groups. Linguistics and Education, v. 12, n. 2, p. 135-174, 2001. DOI: https://doi.org/10.1016/S0898-5898(00)00046-2
KELLY, G. J.; MCDONALD, S.; WICKMAN, P. O. Science learning and epistemology. In: FRASER, B. J.; TOBIN, K. G.; MCROBBIE, C. J. (ed.). Second international handbook of Science Education. Dordrecht: Springer. p. 281-291, 2012. DOI: https://doi.org/10.1007/978-1-4020-9041-7_20
KELLY, G. J.; LICONA, P. Epistemic Practices and Science Education.
In: MATTHEWS, M. R. (ed.). History, Philosophy and Science Education: New Perspectives. New York: Springer International Publishing, 2018. p. 139-165. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-319-62616-1
KNORR-CETINA, K. Epistemic cultures: how the sciences make knowledge. Cambridge, MA: Harvard University Press, p. 352, 1999. DOI: https://doi.org/10.4159/9780674039681
KNORR-CETINA, K. Laboratory studies: The cultural approach to the study of science. In S. Jasanoff, G. E. Markle, J. C. Peterson, & T. Pinch (Eds.), Handbook of science and technology studies. Thousand Oaks, CA: Sage Publications, p. 140 – 166, 1995.
KOZULIN, A. Psychological tools and mediated learning. In: A. Kozulin, B. Gindis, V. S. Ageyev, S. M. Miller (eds.), Vygotsky’s educational theory in cultural context. Cambridge, UK: Cambridge University Press, p. 15 – 38, 2003. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511840975.003
KRASILCHIK, M. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: EPU/EDUSP, 1987.
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 5. ed. São Paulo: Editora Perspectiva S.A, 1998.
LEME, R. E.; BRABO, T. S. A. M. Formação de professores: currículo mínimo e política educacional da ditadura civil-militar (1964-1985). ORG & DEMO, Marília, v. 20, n. 1, p. 83-98, 2019. DOI: https://doi.org/10.36311/1519-0110.2019.v20n1.06.p83
OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 2003.
PÉREZ-GÓMEZ, A. O Pensamento prático do professor: a formação do professor como profissional reflexivo. In: NÓVOA, A. (Coord.). Os professores e sua formação. 2. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1995.
REVELES, J. M., KELLY, G. DURÁN, R. P. A sociocultural perspective on mediated activity in third grade science. Cultural Studies of Science Education. v. 1, p. 467 – 495, 2007. DOI: https://doi.org/10.1007/s11422-006-9019-8
SASSERON, L. H.; DUSCHL, R. A. Ensino de ciências e as práticas epistêmicas: o papel do professor e o engajamento dos estudantes. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 21, n. 12, p. 52-67, 2016. DOI: https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2016v21n2p52
SILVA, A. C. T. Interações discursivas e práticas epistêmicas em salas de aula de ciências. Revista Ensaio, Belo Horizonte, v. 17, n. especial, p. 69-96, nov. 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/1983-2117201517s05
SILVA, F. H.; FONSECA, V. M.; ROLDÃO, G. S. A formação docente na construção de conceitos científicos no Ensino de Ciências Agrárias. In: ENCONTRO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO, VIII, CONGRESSO INTERNACIONAL TRABALHO DOCENTE E PROCESSOS EDUCATIVOS, III., 2015, Uberaba. Anais [...]. Uberaba: UNIUBE, 2015.
VYGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. Tradução Paulo Bezerra, 2ª ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
WICKMAN, P.-O.; ÖSTMAN, L. Induction as an empirical problem: How students generalize during practical work. International Journal of Science Education, v. 24, issue 5, p. 465-486, 2002a. DOI: https://doi.org/10.1080/09500690110074756
WICKMAN, P.-O.; ÖSTMAN, L. Learning as discourse change: A sociocultural mechanism. Science Education, v. 86, issue 5, p. 601-623, 2002b. DOI: https://doi.org/10.1002/sce.10036
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Edição
Seção
Categorias
Licença
Copyright (c) 2025 Maria Vitória Piemonte Constantino , Mariana Montanhini da Silva (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Este trabalho está licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0). Isso significa que você tem a liberdade de:
- Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato.
- Adaptar — remixar, transformar e construir sobre o material para qualquer propósito, inclusive comercial.
O uso deste material está condicionado à atribuição apropriada ao(s) autor(es) original(is), fornecendo um link para a licença, e indicando se foram feitas alterações. A licença não exige permissão do autor ou da editora, desde que seguidas estas condições.
A logomarca da licença Creative Commons é exibida de maneira permanente no rodapé da revista.
Os direitos autorais do manuscrito podem ser retidos pelos autores sem restrições e solicitados a qualquer momento, mesmo após a publicação na revista.