Judicialização dos contratos de plano de saúde por afronta ao princípio da proteção integral às crianças e adolescentes com TEA

Judicialization of health insurance contracts for violation of the principle of full protection for children and adolescents with ASD

Autores

  • Bruno Mendes Figueiredo Autor
  • Maycon Raulino Coelho Autor

DOI:

https://doi.org/10.51473/rcmos.v1i2.2025.1217

Palavras-chave:

Judicialização. Transtorno do Espectro Autista. Estatuto da Criança e do Adolescente. Planos de Saúde.

Resumo

A judicialização dos contratos de plano de saúde no Brasil tem se tornado uma prática comum, especialmente quando se trata de assegurar direitos de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O princípio da proteção integral, consagrado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), demanda que todas as necessidades básicas desses indivíduos sejam atendidas de forma prioritária e integral, todavia, a recusa ou limitação de cobertura por parte das operadoras de planos de saúde tem levado a um aumento significativo de ações judiciais. A necessidade de judicialização para garantir o acesso aos tratamentos adequados para crianças e adolescentes com TEA evidencia um descompasso entre a legislação e a prática das operadoras de planos de saúde. Essa situação não apenas onera o sistema judiciário, mas também causa sofrimento e atraso no tratamento de indivíduos que necessitam de cuidados urgentes e contínuos. Destarte, é imperativo analisar essa questão para propor soluções que alinhem a atuação das operadoras com os direitos assegurados na legislação. O objetivo deste estudo é analisar a judicialização dos contratos de plano de saúde no contexto da proteção integral às crianças e adolescentes com TEA, destacando os principais desafios enfrentados e propondo soluções que possam reduzir a necessidade de intervenção judicial. Este estudo utiliza uma abordagem qualitativa, baseada em revisão bibliográfica e análise jurisprudencial. A revisão bibliográfica inclui o exame de artigos acadêmicos e documentos legais que tratam da proteção dos direitos de crianças e adolescentes, do TEA e da regulamentação dos planos de saúde. A análise jurisprudencial se concentra em decisões judiciais relevantes que ilustram os principais argumentos e resultados das ações movidas contra operadoras de planos de saúde. Espera-se que a análise revele um panorama claro das principais razões que levam à judicialização dos contratos de plano de saúde em casos envolvendo crianças e adolescentes com TEA. Por fim, o estudo pretende propor medidas concretas para alinhar a atuação das operadoras de planos de saúde com os princípios estabelecidos no ECA, promovendo um acesso mais justo e eficiente aos tratamentos necessários.

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Biografia do Autor

  • Bruno Mendes Figueiredo

    Bruno Mendes Figueiredo é Mestrando em Direito pela Unifieo, Especialista em Direito Administrativo e Direito Tributário, possui graduação em Direito, Filosofia e Matemática. É professor universitário no Centro Universitário Florence, onde já atuou como coordenador de graduação e de pós-graduação. (ID Lattes:  2682466483000845)

  • Maycon Raulino Coelho

    Maycon Raulino Coelho é Mestrando em Direito pela Unifieo. Especialista em Direito Tributário e Direito Constitucional. Foi professor universitário no Centro Universitário Florence, atualmente é assessor do Ministério Público Estadual. (ID Lattes: 2575019419675344)

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Arquivos adicionais

Publicado

04.08.2025

Como Citar

FIGUEIREDO, Bruno Mendes; COELHO, Maycon Raulino. Judicialização dos contratos de plano de saúde por afronta ao princípio da proteção integral às crianças e adolescentes com TEA: Judicialization of health insurance contracts for violation of the principle of full protection for children and adolescents with ASD. RCMOS - Revista Científica Multidisciplinar O Saber, Brasil, v. 1, n. 2, 2025. DOI: 10.51473/rcmos.v1i2.2025.1217. Disponível em: https://submissoesrevistarcmos.com.br/rcmos/article/view/1217. Acesso em: 5 set. 2025.