A política como espaço do novo: Ação, liberdade e resistência (notas Arendtianas)
Politics as the Space of the New: Action, Freedom, and Resistance (Arendtian Notes)
DOI:
https://doi.org/10.51473/rcmos.v1i2.2025.1268Palavras-chave:
Hannah Arendt; Liberdade; Ação; Pluralidade; Potência; Pensamento; Desobediência civil.Resumo
O presente artigo propõe uma leitura intensiva da constelação conceptual que estrutura a filosofia política de Hannah Arendt. A análise incide com especial atenção na concepção da política como locus originarius da liberdade enquanto initium, espaço do aparecer e da constituição do comum. Mediante uma hermenêutica imanente das obras maiores da autora (articulada com literatura secundária rigorosamente selecionada) sustenta-se que a política não se esgota na gestão funcional da vida social ou na ordenação jurídico-normativa. Afirma-se como praxis inauguradora, fundada na pluralidade e na capacidade humana de agir com os outros. A distinção entre labor, trabalho e ação, a crítica à substituição do político pelo social, a tematização da desobediência civil como gesto instituidor de um novo mundo comum, bem como a função negativa do pensamento – cogitatio – enquanto salvaguarda contra a banalidade do mal, constituem os eixos de problematização. A análise evidencia que a política, no pensamento arendtiano, é inseparável da aparição, da contingência e da responsabilidade partilhada. O artigo conclui sublinhando a atualidade crítica do pensamento de Arendt para diagnosticar as formas contemporâneas de dessubstancialização da esfera pública e para reconceptualizar a democracia como forma de vida. Esta, por sua vez, funda-se na ação plural (Mitsein), na resistência ética e na criação contínua de espaços de liberdade (Erscheinungsraum).
Downloads
Referências
ARATO, Andrew. “Dictatorship Before and After Totalitarianism.” Social Research, vol. 69, n.º 2, Hannah Arendt's The Origins of Totalitarianism: Fifty Years Later, Verão 2002, pp. 473-503. DOI: https://doi.org/10.1353/sor.2002.0024
ARENDT, Hannah. Eichmann in Jerusalem: A Report on the Banality of Evil. New York: The Viking Press, 1963.
ARENDT, Hannah. La condición humana. Tradução de Ramón Gil Novales. Barcelona: Paidós, 2009.
ARENDT, Hannah. La disobbedienza civile e altri saggi. Torino: Bollati Boringhieri, 1985.
ARENDT, Hannah. The origins of totalitarianism. New York: Meridian, 1962.
BIRMINGHAM, Peg. Hannah Arendt & human rights: the predicament of common responsibility. Bloomington: Indiana University Press, 2006. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv2wn4cfg
BUCKLER, Steve. Hannah Arendt and political theory: challenging the tradition. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2011. DOI: https://doi.org/10.1515/9780748646326
FERREIRA, Luiz Alexandre. O espaço público e a cidadania: contribuições de Hannah Arendt. Sapere aude, Belo Horizonte, v. 8, n. 15, p. 211-226, jan./jun. 2017. DOI: https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2017v8n15p211
KANATLI, Mehmet. The Concept of Freedom in Hannah Arendt’s Political Thought. European Journal of Social Science Education and Research, v. 7, n. 2, 2017.
O’SULLIVAN, N. K. Politics, totalitarianism and freedom: the political thought of Hannah Arendt. Political Studies, Oxford, v. 21, n. 2, p. 183-198, 1973. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-9248.1973.tb01427.x
PAZ, Anderson Barbosa. Friedrich Hayek e Hannah Arendt em contraste: liberdade da política ou liberdade na política? Revista Peri, Florianópolis, v. 14, n. 2, 2022.
SAMPAIO, Leandson. A questão social e a recuperação da política em Hannah Arendt. Polymatheia – Revista de Filosofia, Fortaleza, v. 9, n. 14, 2016.
SILVA, Ricardo George de Araújo; SILVA, Napiê Galvê Araújo. A recuperação da política: ação e espaço público segundo Hannah Arendt. Griot – Revista de Filosofia, Amargosa, BA, v. 3, n. 1, 2011. DOI: https://doi.org/10.31977/grirfi.v3i1.487
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Edição
Seção
Categorias
Licença
Copyright (c) 2025 Luís Correia de Sá (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Este trabalho está licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0). Isso significa que você tem a liberdade de:
- Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato.
- Adaptar — remixar, transformar e construir sobre o material para qualquer propósito, inclusive comercial.
O uso deste material está condicionado à atribuição apropriada ao(s) autor(es) original(is), fornecendo um link para a licença, e indicando se foram feitas alterações. A licença não exige permissão do autor ou da editora, desde que seguidas estas condições.
A logomarca da licença Creative Commons é exibida de maneira permanente no rodapé da revista.
Os direitos autorais do manuscrito podem ser retidos pelos autores sem restrições e solicitados a qualquer momento, mesmo após a publicação na revista.