A era digital e o enfraquecimento das competências jurídicas: impactos da automação e do acesso facilitado na formação e atuação dos profissionais de direito
The digital age and the weakening of legal skills: impacts of automation and easy access on the training and performance of legal professionals
DOI:
https://doi.org/10.51473/rcmos.v1i2.2025.1541Palavras-chave:
Direito Digital; Inteligência Artificial; Competências Jurídicas; Automação Jurídica; Formação Jurídica.Resumo
O presente estudo buscou analisar os impactos da era digital sobre as competências jurídicas, investigando como a automação e o acesso facilitado às informações jurídicas têm influenciado a formação acadêmica e a prática profissional dos operadores do direito. Por meio de uma revisão sistemática e crítica de literatura especializada, abordou-se inicialmente o contexto histórico anterior à digitalização, quando o direito se fundamentava essencialmente em práticas manuais e no contato direto entre os profissionais. Com a chegada das tecnologias digitais, entretanto, o cenário se transformou significativamente, proporcionando maior eficiência e agilidade na pesquisa e no desenvolvimento das atividades jurídicas. Contudo, tais benefícios também resultaram no enfraquecimento de habilidades tradicionais como interpretação crítica, argumentação jurídica original e autonomia intelectual, à medida que se verificou uma dependência crescente de plataformas digitais e ferramentas automatizadas. Entre os desafios apontados destaca-se a necessidade urgente de reformulação curricular nos cursos de direito, incorporando conhecimentos técnicos digitais sem negligenciar competências clássicas como ética, argumentação crítica e capacidade analítica. A pesquisa evidenciou, ainda, os riscos éticos e operacionais associados à adoção excessiva de inteligência artificial em decisões judiciais e administrativas, ressaltando que essas ferramentas devem atuar sempre sob supervisão humana para garantir a adequação contextual e evitar possíveis discriminações e erros judiciais. Também se constatou a importância da inclusão digital, enfatizando que o sucesso das iniciativas tecnológicas depende da capacidade dos usuários finais em utilizar adequadamente os recursos disponibilizados, demandando políticas públicas de capacitação contínua. Outro achado relevante foi a necessidade de desenvolver modelos avaliativos capazes de mensurar tanto o domínio das tecnologias jurídicas quanto a manutenção de uma prática jurídica ética e socialmente responsável. Ademais, concluiu-se pela importância do diálogo interdisciplinar constante entre operadores jurídicos e profissionais de tecnologia para assegurar que as inovações tecnológicas estejam alinhadas aos princípios fundamentais do ordenamento jurídico. Por fim, destacou-se que o êxito dessa transformação digital no meio jurídico dependerá do esforço integrado das instituições de ensino, órgãos reguladores e profissionais da área, garantindo uma evolução consciente, responsável e eficaz em benefício de toda a sociedade.
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