Compras Online e Vulnerabilidade Psicológica: Um Estudo Interdisciplinar sobre os Limites da Proteção Legal
Online Shopping and Psychological Vulnerability: An Interdisciplinary Study on the Limits of Legal Protection
DOI:
https://doi.org/10.51473/rcmos.v1i2.2025.1497Palavras-chave:
consumo impulsivo, compras online, legislação consumeristaResumo
O comportamento de consumo impulsivo em compras online tem ganhado crescente relevância acadêmica e prática com a evolução do comércio eletrônico e tem se mostrado altamente eficaz para estimular o comportamento de compra impulsiva. A combinação de ofertas personalizadas, estratégias de marketing que induzem o senso de urgência e as características emocionais e psicológicas dos consumidores criam um ciclo em que as compras impulsivas são facilitadas e até incentivadas. Buscou-se avaliar os fatores que levam ao comportamento impulsivo em compras online e avaliar a eficácia das políticas de proteção do consumidor no ambiente digital, bem como verificar o nível de consciência/percepção dos consumidores sobre a existência das legislações e das instituições de proteção ao consumo. Tratou-se de uma pesquisa quantitativa, do tipo descritivo, exploratório e correlacional, envolvendo cidadãos da cidade de Fortaleza – CE. Observou-se que a Análise Fatorial Confirmatória (AFC) demonstrou ajuste satisfatório dos dados ao modelo teórico da Escala de Consciência do Código de Defesa do Consumidor (ECDC), o modelo trifatorial — composto por conhecimento, prática e valoração do CDC — e para os Hábitos de Consumo na Internet (HCI). As correlações revelaram que a impulsividade total e suas dimensões (cognitiva, motora e de planejamento) se associaram positivamente aos hábitos de consumo online. No entanto, apenas a impulsividade cognitiva correlacionou-se com os fatores de prática e valoração do CDC. Observou-se que níveis moderados de prática e valoração do CDC se associaram significativamente aos hábitos de consumo digital. Destaca-se que a impulsividade cognitiva está relacionada a decisões rápidas e pouco reflexivas, o que pode comprometer o uso efetivo do CDC como instrumento jurídico de proteção ao consumidor.
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