Sistema de justiça criminal brasileiro: contradições históricas e desafios para políticas públicas de segurança
Brazilian criminal justice system: historical contradictions and challenges for public security policies
DOI:
https://doi.org/10.51473/rcmos.v1i2.2025.1229Palavras-chave:
Educação Profissional e Tecnológica. Segurança Pública. Políticas Públicas Integradas. Formação Profissional. Democratização Institucional.Resumo
Este estudo investiga as contradições e potencialidades da articulação entre a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) e o sistema de segurança pública brasileiro. Utilizando o método materialista histórico-dialético, a pesquisa analisa marcos legais, contradições estruturais e possibilidades de integração entre os sistemas. A análise revela que, embora existam bases normativas sólidas para essa articulação - como a Lei nº 11.892/2008 e documentos da SENASP - persistem obstáculos relacionados às resistências corporativas e à fragmentação institucional. A investigação identifica potencialidades transformadoras significativas, especialmente através da formação profissional crítica, pesquisa aplicada, extensão universitária e educação no sistema prisional. As descobertas indicam que a articulação EPT-segurança pública pode contribuir para a democratização das instituições de segurança e superação de práticas autoritárias, exigindo políticas públicas integradas e participação social efetiva para sua institucionalização.
Downloads
Referências
ADORNO, Sérgio. Discriminação racial e justiça criminal em São Paulo. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 43, p. 45–63, nov. 1995.
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de Estado: nota sobre os aparelhos ideológicos de Estado. 3. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1985.
ANTUNES, Ricardo. O privilégio do serviço: o novo proletariado de serviços na era digital. São Paulo: Boitempo, 2018.
ARANTES, Rogério Bastos. Ministério Público e política no Brasil. São Paulo: Editora Sumaré/FAPESP, 2002.
______. Políticas de Justiça no Brasil: Governo Lula e Reforma do Poder Judiciário. Problemas de América Latina, Paris, n. 66, p. 51–72, 2007.
AGRA, Wendell Beetoven Ribeiro. O controle das políticas de segurança pública e da eficiência da atividade policial. In: BRASIL. Conselho Nacional do Ministério Público. O Ministério Público e o Controle Externo da Atividade Policial. Vol. 2. Brasília: CNMP, 2019. p. 133.
AVILA, Carlos D.; ROCHA, A. P. A Polícia Civil no Brasil: definição, identidade e expectativas das polícias investigativas. In: XAVIER, Lídia de Oliveira; ÁVILA, Carlos Frederico Domínguez; FONSECA, Vicente (Org.). Direitos Humanos, Cidadania e Violência no Brasil: estudos interdisciplinares. 1. ed. Curitiba: CRV, 2019. v. 7, p. 175–190.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70, 2016.
BATTIBUGLI, Thaís. Polícia e política no Brasil: dos governos militares à Nova República. São Paulo: Editora Unesp, 2017.
BAYLEY, David H. Padrões de policiamento: uma análise internacional comparativa. Tradução de René Alexandre Belmonte. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
BRITO, Antônio Maurício Freitas. Educação e segurança: articulações públicas e desafios na formação de profissionais. Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica, Natal, v. 12, p. 45–62, 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 02 jul. 2025.
BRASIL. Decreto nº 5.993, de 19 de dezembro de 2006. Concede indulto, comutação e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 2006.
BRASIL. Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Brasília, DF: Presidência da República, 2008.
BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 jun. 2014.
BRASIL. Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de 2018. Dispõe sobre o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e a destinação de recursos de loterias. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 dez. 2018.
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Matriz Curricular Nacional para Ações Formativas dos Profissionais da Área de Segurança Pública. Brasília: MJSP/SENASP, 2014.
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social 2018–2028. Brasília: MJSP, 2018.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 2, de 19 de maio de 2010. Dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos em situação de privação de liberdade. Brasília, DF: CNE/CEB, 2010.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Direitos humanos na magistratura brasileira. Brasília: CNJ, 2009.
CHRISTIE, Nils. A indústria do controle do crime: a caminho dos GULAGs em estilo ocidental. Rio de Janeiro: Forense, 1998.
DAGNINO, R. A Tecnologia Social e seus desafios. In: LASSANCE JR., A. et al. Tecnologia Social – Uma estratégia para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil, 2004.
DAGNINO, R. Tecnologia Social: ferramenta para construir outra sociedade. In: DAGNINO, R. (Org.). Tecnologia Social: ferramenta para construir outra sociedade. Campinas, SP: UNICAMP, 2009.
DEMO, Pedro. Educação hoje: “novas” tecnologias, pressões e oportunidades. São Paulo: Atlas, 2009.
DENZIN, Norman K.; LINCOLN, Yvonna S. (Org.). Planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Tradução de Sandra Regina Netz. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
FORPROEX. Política Nacional de Extensão Universitária. Manaus, AM: Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, 2012.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FRIGOTTO, Gaudêncio. A produtividade da escola improdutiva: um (re)exame das relações entre educação e estrutura econômico-social capitalista. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. Volume 2: Os intelectuais. O princípio educativo. Jornalismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
HOLLOWAY, Thomas H. Polícia no Rio de Janeiro: repressão e resistência numa cidade do século XIX. Tradução de Francisco de Castro Azevedo. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1997.
INOJOSA, R. M. Sinergia em políticas e serviços públicos: desenvolvimento social com intersetorialidade. Cadernos FUNDAP, São Paulo, n. 22, p. 102–110, 2001.
KANT DE LIMA, Roberto. Ensaios de antropologia e de direito: acesso à justiça e processos institucionais de administração de conflitos e produção da verdade jurídica em uma perspectiva comparada. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
KANT DE LIMA, Roberto. A polícia da cidade do Rio de Janeiro: seus dilemas e paradoxos. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2019.
LIMA, Renato Sérgio de; BUENO, Samira (Org.). Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2024.
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Livro I: O processo de produção do capital. Tradução de Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.
MASSON, Gisele. Materialismo histórico e dialético: uma discussão sobre as categorias centrais. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 2, n. 2, p. 105–114, dez. 2007.
MÉSZÁROS, István. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. Tradução de Paulo Cezar Castanheira e Sérgio Lessa. São Paulo: Boitempo, 2002.
MESQUITA NETO, Paulo de. Policiamento comunitário e prevenção do crime: a experiência brasileira. São Paulo: IBCCRIM, 2004. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-88392004000100013
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2014.
MUNIZ, Jacqueline de Oliveira. Ser policial é, sobretudo, uma razão de ser: cultura e cotidiano da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Ciências Políticas) – Instituto de Pesquisas do Rio de Janeiro, 1999. 286 f.
PAIXÃO, Antônio Luiz. A organização policial numa área metropolitana. Dados – Revista de Ciências Sociais, v. 25, n. 1, p. 63–85, 1982.
PACHECO, Eliezer. Desvendando os institutos federais: identidade e objetivos. Educação Profissional e Tecnológica em Revista, v. 4, n. 1, p. 4–22, 2020. DOI: https://doi.org/10.36524/profept.v4i1.575
PORTO, Maria Stela Grossi. Mídia, segurança pública e representações sociais. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, v. 21, n. 2, 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-20702009000200010
REINER, Robert. A política da polícia. Tradução de Jacy Cardia Ghiroui e Maria Cristina Pereira da Cunha Marques. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.
RAMOS, Marise Nogueira. História e política da educação profissional. Curitiba: Instituto Federal do Paraná, 2014.
ROLIM, Marcos. A síndrome da Rainha Vermelha: policiamento e segurança pública no século XXI. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; Oxford: University of Oxford, Centre for Brazilian Studies, 2009.
SADEK, Maria Tereza Aina. Poder Judiciário: perspectivas de reforma. Opinião Pública, Campinas, v. 1, p. 1–62, maio de 2004. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-62762004000100002
SADEK, Maria Tereza Aina. Poder Judiciário: uma nova instituição. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2013.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma revolução democrática da justiça. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
SENAPPEN. Secretaria Nacional de Políticas Penais. Dados Estatísticos do Sistema Penitenciário, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/senappen/pt-br/servicos/sisdepen. Acesso em: 18 jun. 2025.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-Ação. 18. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
VIANNA, Luiz Werneck et al. Corpo e alma da magistratura brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Revan, 1997.
VIANNA, Luiz Werneck et al. A judicialização da política e das relações sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1999.
WACQUANT, Loïc. Prisões da miséria. Tradução de André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
ZALUAR, A. M. Integração perversa: pobreza e tráfico de drogas. 1. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2004.
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Edição
Seção
Categorias
Licença
Copyright (c) 2025 Geandro Chiarelli , Reginaldo Leandro Plácido (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Este trabalho está licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0). Isso significa que você tem a liberdade de:
- Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato.
- Adaptar — remixar, transformar e construir sobre o material para qualquer propósito, inclusive comercial.
O uso deste material está condicionado à atribuição apropriada ao(s) autor(es) original(is), fornecendo um link para a licença, e indicando se foram feitas alterações. A licença não exige permissão do autor ou da editora, desde que seguidas estas condições.
A logomarca da licença Creative Commons é exibida de maneira permanente no rodapé da revista.
Os direitos autorais do manuscrito podem ser retidos pelos autores sem restrições e solicitados a qualquer momento, mesmo após a publicação na revista.