Transmissão vertical do Streptococcus Agalactiae: revisão sistemática da literatura científica
Vertical transmission of Streptococcus Agalactiae: systematic review of scientific literature
DOI:
https://doi.org/10.51473/rcmos.v1i2.2025.1513Palavras-chave:
Streptococcus agalactiae. Transmissão Vertical de Doença Infecciosa. Gestantes. Recém-Nascido.Resumo
Este estudo tem como objetivo realizar uma revisão sistemática sobre a colonização materna pelo Streptococcus agalactiae (EGB), as taxas de transmissão vertical e os fatores de risco associados em diferentes contextos geográficos e socioeconômicos. A busca bibliográfica foi realizada nas bases PubMed/MEDLINE, Embase e SciELO. Foram incluídos estudos originais publicados em periódicos revisados por pares, disponíveis em texto completo, sem restrição temporal, que abordassem a prevalência da colonização materna por Streptococcus agalactiae, as taxas de transmissão vertical e/ou fatores de risco associados. Consideraram-se apenas estudos com gestantes e recém-nascidos de até 90 dias de vida, publicados em inglês, português ou espanhol, excluindo-se revisões, relatos de caso, cartas ao editor, editoriais, anais de congresso e pesquisas com amostras exclusivamente animais ou experimentais in vitro. Os dados foram organizados em quadros e tabelas comparativas, permitindo a síntese descritiva e a análise qualitativa. A revisão identificou ampla variação na prevalência de colonização materna (4,8% a 32%) e na taxa de transmissão vertical (0,0% a 72,3%). A média da taxa de transmissão vertical entre os estudos incluídos foi de aproximadamente 21%, sendo 21,8% pela média simples e 21,2% ponderada pelo tamanho da amostra, evidenciando impacto variável das práticas de profilaxia e diferenças populacionais. Estudos com profilaxia intraparto sistemática apresentaram transmissão mínima, enquanto contextos sem rastreio universal mostraram altas taxas. Entre os fatores de risco recorrentes destacam-se ruptura prematura de membranas, trabalho de parto prolongado, prematuridade e baixos níveis de IgG materna. A heterogeneidade metodológica e geográfica evidencia a necessidade de rastreio universal, profilaxia efetiva e vigilância contínua. Além disso, apenas uma parcela reduzida dos estudos identificados forneceu dados sobre transmissão vertical, destacando uma lacuna na literatura. Em conclusão, os achados reforçam a importância de políticas de triagem materna, implementação consistente de profilaxia intraparto e estratégias de imunização materna para reduzir a transmissão vertical do Streptococcus agalactiae e prevenir infecções neonatais precoces.
Downloads
Referências
ALI, Musa Mohammed et al. Prevalence of group B streptococcus among pregnant women and newborns at Hawassa University comprehensive specialized hospital, Hawassa, Ethiopia. BMC Infectious Diseases, v. 19, n. 1, p. 325, 2019. DOI: https://doi.org/10.1186/s12879-019-3859-9
ALSHENGETI, Amer. Group B Streptococcus among pregnant women and neonates in Saudi Arabia: a systemic review. Pathogens, v. 11, n. 9, p. 1029, 2022. DOI: https://doi.org/10.3390/pathogens11091029
ALVES, E. Determinação molecular dos sorotipos capsulares e perfil de sensibilidade aos antimicrobianos em Streptococcus agalactiae isolados de pacientes atendidos no Hospital Universitário/UFSC na cidade de Florianópolis/SC. 2018. Dissertação (Mestrado em Farmácia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.
CARVALHO, Anjo Gabriel et al. Prevalência e perfil de suscetibilidade da colonização por Streptococcus do grupo B em gestantes da Amazônia Brasileira. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 24, p. e20230063, 2024. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9304202400000063
DADI, Belayneh Regasa et al. Vertical transmission, risk factors, and antimicrobial resistance patterns of group B Streptococcus among mothers and their neonates in southern Ethiopia. Canadian Journal of Infectious Diseases and Medical Microbiology, v. 2022, n. 1, p. 8163396, 2022. DOI: https://doi.org/10.1155/2022/8163396
GIZACHEW, Mucheye et al. Newborn colonization and antibiotic susceptibility patterns of Streptococcus agalactiae at the University of Gondar Referral Hospital, Northwest Ethiopia. BMC Pediatrics, v. 18, n. 1, p. 378, 2018. DOI: https://doi.org/10.1186/s12887-018-1350-1
GONÇALVES, Bronner P. et al. Group B streptococcus infection during pregnancy and infancy: estimates of regional and global burden. The Lancet Global Health, v. 10, n. 6, p. e807–e819, 2022.
GUO, Dan et al. Neonatal colonization of group B Streptococcus in China: prevalence, antimicrobial resistance, serotypes, and molecular characterization. American Journal of Infection Control, v. 46, n. 3, p. e19–e24, 2018. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2017.10.020
GURUDAS, Girija et al. Prevalence of Group B Streptococcus in pregnant women in Kerala and relation to neonatal outcomes: a prospective cross-sectional study. Journal of Tropical Pediatrics, v. 68, n. 6, p. fmac092, 2022. DOI: https://doi.org/10.1093/tropej/fmac092
HAJIAHMADI, Pegah; MOMTAZ, Hassan; TAJBAKHSH, Elahe. Molecular characterization of Streptococcus agalactiae strains isolated from pregnant women. Scientific Reports, v. 15, n. 1, p. 5887, 2025. DOI: https://doi.org/10.1038/s41598-025-86565-z
JOACHIM, Agricola et al. Maternal and neonatal colonisation of group B streptococcus at Muhimbili National Hospital in Dar es Salaam, Tanzania: prevalence, risk factors and antimicrobial resistance. BMC Public Health, v. 9, n. 1, p. 437, 2009. DOI: https://doi.org/10.1186/1471-2458-9-437
KADANALI, A.; ALTOPARLAK, Ü.; KADANALI, S. Maternal carriage and neonatal colonisation of group B streptococcus in eastern Turkey: prevalence, risk factors and antimicrobial resistance. International Journal of Clinical Practice, v. 59, n. 4, p. 437–440, 2005. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1368-5031.2005.00395.x
KWATRA, Gaurav et al. Prevalence of group B Streptococcus colonisation in mother–newborn dyads in low-income and middle-income south Asian and African countries: a prospective, observational study. The Lancet Microbe, v. 5, n. 10, 2024. DOI: https://doi.org/10.1016/S2666-5247(24)00129-0
KYOHERE, Mary et al. Epidemiology of Group B Streptococcus: Maternal colonization and infant disease in Kampala, Uganda. In: Open Forum Infectious Diseases. Oxford: Oxford University Press, 2025. p. ofaf167.
LARSEN, John W.; SEVER, John L. Group B Streptococcus and pregnancy: a review. American Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 198, n. 4, p. 440–450, 2008. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ajog.2007.11.030
LI, Yingxing et al. The increasing burden of group B Streptococcus from 2013 to 2023: a retrospective cohort study in Beijing, China. Microbiology Spectrum, v. 13, n. 1, p. e02266–24, 2025. DOI: https://doi.org/10.1128/spectrum.02266-24
LINHARES, José Juvenal et al. Prevalência de colonização por Streptococcus agalactiae em gestantes atendidas em maternidade do Ceará, no Brasil, correlacionando com os resultados perinatais. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 33, p. 395–400, 2011.
MENICHINI, Daniela et al. Supplementation of probiotics in pregnant women targeting group B streptococcus colonization: a systematic review and meta-analysis. Nutrients, v. 14, n. 21, p. 4520, 2022. DOI: https://doi.org/10.3390/nu14214520
MUSLEH, Jehan; AL QAHTANI, Nourah. Group B Streptococcus colonization among Saudi women during labor. Saudi Journal of Medicine & Medical Sciences, v. 6, n. 1, p. 18–22, 2018. DOI: https://doi.org/10.4103/sjmms.sjmms_175_16
ROSA-FRAILE, Manuel; ALOS, Juan-Ignacio. Group B Streptococcus neonatal infections, the ongoing history. Enfermedades Infecciosas y Microbiologia Clinica (English ed.), v. 40, n. 7, p. 349–352, 2022. DOI: https://doi.org/10.1016/j.eimce.2022.01.002
SEOUD, Muheiddine et al. Prenatal and neonatal Group B Streptococcus screening and serotyping in Lebanon: incidence and implications. Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica, v. 89, n. 3, p. 399–403, 2010. DOI: https://doi.org/10.3109/00016340903560008
SERRA, Gregorio et al. Group B streptococcus colonization in pregnancy and neonatal outcomes: a three-year monocentric retrospective study during and after the COVID-19 pandemic. Italian Journal of Pediatrics, v. 50, n. 1, p. 175, 2024. DOI: https://doi.org/10.1186/s13052-024-01738-2
TAKAHASHI, Keigo; SATO, Yuka; IKEDA, Kazushige. Group B streptococcus neonatal umbilical colonization managed by dry cord care in nurseries: a retrospective cohort study. Pediatrics & Neonatology, v. 62, n. 5, p. 506–511, 2021. DOI: https://doi.org/10.1016/j.pedneo.2021.05.003
TSOLIA, M. et al. Group B streptococcus colonization of Greek pregnant women and neonates: prevalence, risk factors and serotypes. Clinical Microbiology and Infection, v. 9, n. 8, p. 832–838, 2003. DOI: https://doi.org/10.1046/j.1469-0691.2003.00662.x
YADETA, Tesfaye Assebe et al. Vertical transmission of group B Streptococcus and associated factors among pregnant women: a cross-sectional study, Eastern Ethiopia. Infection and Drug Resistance, p. 397–404, 2018. DOI: https://doi.org/10.2147/IDR.S150029
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Categorias
Licença
Copyright (c) 2025 Telma Sousa Pires, Waldemar Naves do Amaral, Juliana Lamaro Cardoso , Weslley José Garcia Moreira , Bruna Sousa Rodrigues , Hemily Vivian Medeiros (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Este trabalho está licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0). Isso significa que você tem a liberdade de:
- Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato.
- Adaptar — remixar, transformar e construir sobre o material para qualquer propósito, inclusive comercial.
O uso deste material está condicionado à atribuição apropriada ao(s) autor(es) original(is), fornecendo um link para a licença, e indicando se foram feitas alterações. A licença não exige permissão do autor ou da editora, desde que seguidas estas condições.
A logomarca da licença Creative Commons é exibida de maneira permanente no rodapé da revista.
Os direitos autorais do manuscrito podem ser retidos pelos autores sem restrições e solicitados a qualquer momento, mesmo após a publicação na revista.