A Justiça no banco dos réus: o caso Bernardo Boldrini e os desafios da aplicação da Lei penal ao filicídio
Justice in the dock: the bernardo boldrini case and the challenges of applying criminal Law to filicide
DOI:
https://doi.org/10.51473/rcmos.v1i2.2025.1761Palavras-chave:
Filicídio. Direito Penal. Criança e Adolescente. Caso Bernardo Boldrini. Prevenção.Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar o filicídio no contexto jurídico brasileiro, tomando como base o caso Bernardo Boldrini. A pesquisa busca compreender se o tratamento penal vigente é eficaz na punição e prevenção desses crimes, considerando a ausência de tipificação específica no ordenamento jurídico. Adotando o método exploratório com base em revisão bibliográfica, a investigação percorre aspectos históricos, sociais e jurídicos do filicídio, discutindo o enquadramento penal do caso concreto, suas motivações e as implicações da sentença. O estudo destaca a fragilidade da rede de proteção à infância, evidenciada pela negligência institucional frente às denúncias de maus-tratos sofridos por Bernardo, e a resposta limitada do sistema jurídico, que se revela mais reativo do que preventivo. A análise também compara legislações estrangeiras, observando como outros países tipificam de forma mais rigorosa o homicídio de descendentes. Conclui-se que o enfrentamento ao filicídio no Brasil exige não apenas a criação de um tipo penal autônomo, mas também o fortalecimento das políticas públicas, a capacitação de profissionais da rede protetiva e a atuação interinstitucional para garantir a efetivação dos direitos da criança e do adolescente, conforme preconiza a Constituição Federal.
Downloads
Referências
ALAIDES, Blog do. Caso Bernardo – As falhas na rede de proteção que não salvou Bernardo Boldrini. [S.l.], 2019.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 2025.
BRASIL. Código Penal. Brasília, DF: Presidência da República, 2025.
BRASIL. Lei n° 13.431, de 4 de abril de 2017. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2017.
BRASIL. Lei n° 13.010, de 31 de maio de 2014. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2014.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília, DF: Presidência da República, 2025.
BRASIL. Lei n° 14.344, de 24 de maio de 2022. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2022.
BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. 81% dos casos de violência contra crianças e adolescentes ocorrem dentro de casa. Brasília, DF, 2021.
CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Lei Henry Borel (Lei 14.344/22) – principais aspectos. [s.l.], 2022.
CAMBRIDGE DICTIONARY. Filicide. 2025.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte geral. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
CARLIM, Rebeca Aquilante. Lei Henry Borel e as medidas protetivas à criança e ao adolescente contra a violência doméstica no Brasil. São Paulo, 2023.
CARREIRA, A. O infanticídio ritual em África. Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, n. 101/102, 1971.
COSTA, N. G. Infanticídio privilegiado. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, 1987.
FERNANDES, Michele Medeiros; BATISTA, Carlos Roberto. A necessidade da tipificação do crime de filicídio no Brasil. RECIFAQUI, v. 1, n. 11, 2021.
FÉLIX, Luciene. Sartre, “o inferno são os outros”: Conhecimento sem fronteiras. Artigos de filosofia, 2007.
FERRI, Enrico. Princípios de Direito Criminal: O criminoso e o crime. Trad. Luiz de Lemos D’Oliveira. 3. ed. Russell: Campinas, 2009.
FLORES JÚNIOR, O. Mitos de geração e sucessão em Hesíodo: Urano, Cronos e Zeus. Classica, n. 0, p. 25-32, 1992. DOI: https://doi.org/10.24277/classica.v0i0.811
FREIBERGER, J. A doença mental no direito penal brasileiro: o filicídio. Jusbrasil, 2023.
FREIRE, A. C.; FIGUEIREDO, B. Filicídio: incidência e factores associados. Análise Psicológica, v. 24, n. 4, p. 437-446, 2006. DOI: https://doi.org/10.14417/ap.185
FREUD, Sigmund. Totem e Tabu. Tradução de Renato Zwick. São Paulo: Martin Claret, 2013.
G1. Madrasta de Bernardo reclama de condições de presídio em carta no RS. Rio Grande do Sul, 2014.
GOLDBERG, Maria Amélia Azevedo; GUERRA, Viviane N. de Azevedo. Infância e violência doméstica: fronteiras do conhecimento. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997.
LAMBIE, I. Mothers who kill: The crime of infanticide. International Journal of Law and Psychiatry, v. 24, p. 71–80, 2001. DOI: https://doi.org/10.1016/S0160-2527(00)00070-4
MASSON, Cleber. Direito penal: parte geral. 7. ed. São Paulo: Método, 2015.
MATOS, R. O. Infância violada: uma aproximação ao estudo da negligência da rede de proteção à criança. 2021.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. v. 1. São Paulo: Atlas, 2014.
ONU. Convenção sobre os Direitos da Criança. Assembleia Geral das Nações Unidas, 1989.
PEREIRA, Caio Mario. Instituições de Direito Civil – Direito de Família. v. 5. 18. ed., 2017.
RESNICK, P. J. Murder of the newborn: a psychiatric review of neonaticide. American Journal of Psychiatry, v. 126, n. 10, p. 1414-1420, 1970. DOI: https://doi.org/10.1176/ajp.126.10.1414
ROCHA, Cristiano Medina da. Da sombra à luz: a Lei Henry Borel e a transformação na defesa de crianças e adolescentes no Brasil. Jusbrasil, 2024.
SALZEDAS, E. Infanticídio. Antropologia Portuguesa, v. 9/10, p. 93-106, 1992.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL. Caso Bernardo. 2025.
VALENÇA, Alexandre Martins; MECLER, Kátia; TELLES, Lisieux E. de Borba. Filicídio e psicose: relato de dois casos. Debates em Psiquiatria, v. 5, n. 1, p. 30–32, 2015. DOI: https://doi.org/10.25118/2236-918X-5-1-6
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Categorias
Licença
Copyright (c) 2025 Marta Emily Alves Moitinho, Khayam Ramalho da Silva Sousa (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Este trabalho está licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0). Isso significa que você tem a liberdade de:
- Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato.
- Adaptar — remixar, transformar e construir sobre o material para qualquer propósito, inclusive comercial.
O uso deste material está condicionado à atribuição apropriada ao(s) autor(es) original(is), fornecendo um link para a licença, e indicando se foram feitas alterações. A licença não exige permissão do autor ou da editora, desde que seguidas estas condições.
A logomarca da licença Creative Commons é exibida de maneira permanente no rodapé da revista.
Os direitos autorais do manuscrito podem ser retidos pelos autores sem restrições e solicitados a qualquer momento, mesmo após a publicação na revista.





